Dizer “não”!
Um aprendizado importante na vida é poder dizer “não” para as coisas, para as pessoas quando for necessário. Se não aprendemos a dizer “não”, ficamos volúveis a todos, aceitando vontades e pedidos dos outros, que tantas vezes são contraditórios. Ficamos como penas ao vento, levadas ora para um lado, ora para outro, sem direção.
Poder dar respostas como “não concordo”, “não gosto”, “não quero”, “não posso”, são indicativos de autoconhecimento, de contato consigo, de segurança interior, de capacidade de se individualizar e poder separar o que é meu e o que pertence ao outro, além de possibilidade de diálogo. Se eu tenho que gostar de tudo o que o outro gosta, não há diálogo, pois minha identidade ficou perdida na do outro, havendo somente uma parte da relação valorizada. Se eu tenho que concordar com tudo o que o outro pensa, fico sem opinião e também anulo uma parte minha. Se eu tenho que fazer tudo o que me solicitam, não respeito meus limites e minhas próprias capacidades e possibilidades.
Este aprendizado começa na infância, no modo como nossas vontades, desejos, opiniões, capacidades e necessidades foram consideradas, valorizadas e atendidas. Claro que considerar é diferente de atender. Se a criança tem todas as suas vontades atendidas, certamente repercutirá em problemas presentes e futuros. Esta criança provavelmente será aquele adulto que sente que os outros estão ao seu serviço e precisam sempre atender suas vontades. Porém, há a necessidade legítima da criança de ter considerados e acolhidos seus desejos e opiniões, mesmo que não sejam concretizados. Então, são necessários critérios objetivos para a realização ou não, como: valores, adequações à idade, necessidades das pessoas envolvidas, realidade financeira etc. Por exemplo, a criança não pode ir à escola somente quando quer, ficando em casa sempre que não quiser ir à aula. Mas sua vontade precisa ser considerada em algum momento: por que não quer ir à escola? O que acontece? Há algum problema?
Dizer “não” pode parecer algo simples, mas não é. E para muitas pessoas é extremamente difícil. Esta dificuldade pode estar relacionada com baixa autoestima, insegurança, crença de que as opiniões dos outros são sempre melhores, medo de perder os outros, culpa por desagradar, medo de perder uma imagem de amigável, distanciamento de si mesmo, convicção de ter de estar sempre disponível para os outros… Portanto, aprender dar respostas “não” implica em poder trabalhar em si estes ou outros aspectos que influenciam nesta dificuldade.
Refletir antes de dizer, parar antes de sair fazendo, se observar para ver as próprias necessidades, avaliar as reais possibilidades e capacidades, considerar as condições do meio, são atitudes importantes para conseguir responder “não” quando for preciso. Além disso, realizar pequenos exercícios pode ajudar a poder dizer “não” com mais frequência e facilidade, experimentando situações com pessoas que tenha mais facilidade de lidar, com quem tenha menos vínculo afetivo, como com um vizinho ou alguém do mercado. É importante lembrar ainda que todo processo de mudança é lento e trabalhoso, requerendo paciência e persistência. Porém, quanto mais se investe nele, mas resultados se têm. Portanto, não desista!
Texto extraído do Blog Ser e Crescer, de Silvana Elisa Kloeckner Guimarães, autora e minha filha, publicado anteriormente no Jornal Cidade Leste, edição de maio de 2014.
Como este assunto vale muito para nossos dias, resolvi transcrever neste Blog, apontando os créditos conforme parágrafo anterior.
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